Dormir muito faz mal: verdade ou mito?
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Sabemos que o sono é o momento em que o nosso corpo se repara e restaura e, portanto, descansar pouco pode levar a uma série de problemas de saúde.
Embora a maioria de nós necessite de aproximadamente oito horas de sono por noite para nos sentirmos revitalizados ao longo do dia, o que é considerado suficiente (ou não) varia de pessoa para pessoa.
É compreensível que, dormir menos do que o necessário resulte em cansaço, mas pode ser surpreendente descobrir que dormir mais do que o necessário nem sempre nos deixa revigorados e cheios de energia. Pelo contrário! Quando desligamos o despertador várias vezes além do habitual e dormimos mais do que devíamos, podemos até sentir-nos mais cansados e desmotivados ao longo do dia.
Na maior parte das vezes, ouvimos falar dos efeitos de poucas horas de sono e do quão prejudicial pode ser o hábito de dormir pouco. Mas… e dormir muito? Será que faz mal?
Dormir muito faz mal?
A quantidade ideal de sono varia de pessoa para pessoa. No entanto, de acordo com a maioria dos estudos e especialistas, dormir mais de nove horas já é considerado excessivo ou prolongado para adultos.
Dormir, de forma regular, para além das horas recomendadas pode ter alguns efeitos colaterais negativos. Embora um sono adequado e de qualidade seja essencial para a saúde, o excesso de sono pode levar a problemas físicos e mentais.
Alguns dos principais efeitos colaterais comuns de dormir muito incluem:
- Aumento da inflamação e da dor;
- Fertilidade prejudicada;
- Maior risco de obesidade e diabetes;
- Maior risco de doença cardíaca;
- Maior risco de AVC.
Os efeitos negativos para o cérebro
Dormir muito pode fazer mal ao cérebro e trazer alguns efeitos negativos, podendo resultar numa série de problemas cognitivos e emocionais.
Alguns estudos apontam que, tanto a privação quanto o excesso de sono, estão associados a um maior risco de desenvolver demência e doença de Alzheimer, relacionado com as mudanças na estrutura cerebral (que incluem reduções no volume de matéria cinzenta em certas áreas do cérebro). O mecanismo exato ainda não é totalmente compreendido, mas os distúrbios do sono podem contribuir para o desenvolvimento destas condições.
Além disso, dormir muito também pode aumentar o risco de depressão e outros problemas de saúde mental, bem como levar a padrões de sono irregulares, contribuindo para o desenvolvimento de distúrbios do sono como a insónia ou apneia do sono.
Portanto, embora o sono seja essencial para a saúde do cérebro, é importante manter um equilíbrio saudável, garantindo uma quantidade adequada de sono para promover o bem-estar mental e cognitivo.
Dormir muito: causas
Existem muitas razões pelas quais podemos sentir-nos na necessidade de dormir demais. Ao contrário das pessoas que naturalmente dormem muito, aquelas que dormem além daquilo a que estão habituadas podem estar a compensar um sono perdido ou de baixa qualidade.
Por outro lado, o próprio corpo pode também estar a mostrar sinais de uma condição de saúde não diagnosticada. Por isso, é preciso estar atento aos sinais!
Na verdade, há uma série de fatores que podem estar na origem da necessidade de dormir muito. Entre eles:
- Distúrbios do sono: Certos distúrbios - como a apneia do sono - podem conduzir a um sono que é constantemente interrompido (e, por sua vez, não reparador) resultando numa sensação de sonolência excessiva durante o dia e a necessidade de dormir mais horas;
- Falta de qualidade do sono: Uma qualidade de sono comprometida pode levar a uma maior necessidade de dormir para compensar a falta de descanso;
- Alterações hormonais: Algumas condições médicas, como complicações na tiróide ou certos desequilíbrios hormonais, podem afetar os padrões de sono e levar a um aumento da necessidade de dormir;
- Estilo de vida: Determinados hábitos e estilos de vida, como a falta de atividade física regular, hábitos alimentares inadequados, stress crónico ou o uso de certos medicamentos, podem levar a um aumento da sonolência e ao desejo de dormir por mais horas;
- Ingestão de medicamentos ou substâncias: Certos tipos de medicação podem causar sonolência excessiva e prolongada. Além disso, o consumo de álcool ou drogas pode afetar negativamente os padrões de sono e levar a um aumento da necessidade de dormir.
- Problemas de saúde subjacentes: Em alguns casos, dormir muito pode ter como causa uma condição de saúde subjacente, como hipotiroidismo, depressão, distúrbios neurológicos ou doenças crónicas, já que este tipo de condições pode afetar o equilíbrio do sono.
Independentemente de tudo, é importante perceber que não só o sono a menos é prejudicial. Também o sono excessivo e a necessidade constante de dormir muito pode ser um sintoma de várias condições médicas subjacentes, algumas das quais podem ser graves.
Dormir muito após um AVC
Após um episódio de AVC (Acidente Vascular Cerebral), é comum o surgimento de quadros de sonolência excessiva devido ao impacto que esse acontecimento teve no cérebro e ao trabalho intenso que o corpo tem de fazer para recuperar.
Dormir bastante durante a fase inicial da recuperação é considerado normal, e pode até ser recomendado pelos médicos para auxiliar no processo de cura, já que o sono pode desempenhar um papel importante na recuperação e na saúde geral de uma pessoa que sofreu um AVC. Isto porque é durante o sono que o corpo realiza processos de reparação celular e restauração do cérebro, o que pode ajudar na recuperação neurológica após um AVC.
Muitos pacientes, após um AVC, passam por episódios de fadiga (que pode ser física, mental ou emocional), e dormir o suficiente pode ajudar a combater essa fadiga e proporcionar ao corpo o descanso necessário para a recuperação.
No entanto, é importante que o padrão de sono do paciente seja monitorizado de perto por profissionais de saúde, pois podem surgir alguns distúrbios do sono após um AVC - como a apneia do sono ou insónia - que podem precisar de tratamento específico.
Além disso, é importante ter em mente que o sono excessivo por longos períodos de tempo pode, não só ser prejudicial, como levar a uma perda do condicionamento físico e das habilidades cognitivas. É recomendável que sejam seguidas todas as orientações médicas e que se consiga encontrar um equilíbrio entre o repouso adequado e a recuperação.
Cada pessoa é única e pode ter necessidades diferentes durante o processo de recuperação pós-AVC.
“Durmo muito e estou sempre com sono.” Porquê?
Sentes que até costumas dormir muito e, mesmo assim, acordas cansado/a? Ou, dormes muito e continuas com sono durante o dia? Calma, não estás sozinho/a!
Existem várias razões que podem ajudar a explicar esse “fenómeno”.
A causa mais comum é conhecida como a desregulação do ritmo circadiano, que ocorre quando o relógio biológico do nosso corpo é interrompido por algum motivo. Esse relógio é responsável por controlar os nossos padrões de sono e vigília, indicando quando devemos dormir e acordar. Se, por alguma razão, vais dormir mais tarde do que o habitual e perturbas essa rotina do teu corpo, o teu cérebro fica desorientado, resultando na sensação de confusão ao acordar.
Outro fator que pode explicar o porquê de estares a dormir muito e, mesmo assim, continuares com sono pode ser o facto de estares a acordar no momento "errado". Se acordas durante a fase do sono não REM - que é a fase mais profunda -, também pode causar alguma confusão mental e física ao despertar que, inevitavelmente, vai acompanhar-te o resto do dia.
Por outro lado, se mesmo assim já consideraste todas estas possibilidades e continua a acordar cansado/a, mesmo mantendo uma rotina de sono regular, pode ser que haja algum problema de saúde relacionado que te esteja a impedir de teres um sono reparador, resultando em sonolência durante o dia.
Se sentes que o teu sono está a ser frequentemente interrompido, acordas muito cansado e/ou continuas com sono durante o dia, é essencial procurar a ajuda de um especialista para que possas receber o tratamento adequado.
Dormir muito: Emagrece ou engorda?
Em termos gerais, dormir muito não tem um efeito direto significativo no ganho ou perda de peso. O peso corporal é influenciado principalmente pela alimentação, níveis de atividade física e fatores genéticos. No entanto, há alguns aspetos nos quais o sono pode indiretamente afetar o peso.
Metabolismo: A qualidade e a quantidade do sono podem afetar o metabolismo basal, que é a quantidade mínima de energia que o corpo precisa para funcionar em repouso. Um metabolismo mais lento devido à falta de sono adequado pode levar a uma queima de calorias mais baixa em repouso, o que pode dificultar a perda de peso.
Apetite e ingestão alimentar: Um sono inadequado pode afetar as hormonas que controlam o apetite, como a leptina e a grelina. Baixos níveis de sono podem levar a um aumento na grelina - que estimula o apetite - e a uma diminuição na leptina - que corta o apetite - o que pode resultar numa maior ingestão calórica e potencial ganho de peso.
Atividade física: Pessoas que não dormem o suficiente podem sentir-se cansadas e com menos energia, o que pode levar a um estilo de vida mais sedentário e ao aumento de peso.
Portanto, e apesar de não haver uma ligação propriamente direta, a qualidade e a quantidade do sono podem desempenhar um papel na regulação do apetite, metabolismo e comportamentos alimentares. Por sua vez, estes fatores podem indiretamente influenciar o peso corporal, levando ao aumento ou perda de peso.
O ideal é procurar um equilíbrio adequado e dormir o número de horas de sono recomendadas - de 7 a 9 horas por noite para adultos - bem como manter uma dieta equilibrada e atividade física regular, para alcançar e manter um peso saudável.
A importância de procurar ajuda médica
Quando o sono se torna excessivo e começamos a passar a maior parte do tempo na cama, pode ser um sinal de que algo não está certo!
Se a tua preocupação passa pelo facto de sentires que estás a dormir demais, faz uma espécie de “inventário” das tuas circunstâncias atuais:
- Tens ultrapassado alguma fase de maior stress?
- Os teus dias têm sido mais cansativos?
- Estás a passar por alguma situação de jet lag após uma viagem longa?
- Começaste a tomar alguma medicação?
Avaliando estes parâmetros, e caso te revejas em algum, provavelmente essa poderá ser a causa para que o teu corpo sinta a necessidade de dormir mais. E está tudo certo… desde que, depois, o teu sono volte ao normal.
Se não te revês em nenhum destes cenários, e a necessidade de dormir muito tem feito parte dos teus dias, é recomendável consultares o teu médico.
Desta forma, poderás discutir os teus sintomas, histórico médico e quaisquer outras preocupações específicas com um profissional de saúde. Através de uma avaliação completa, o teu médico poderá solicitar exames adicionais - como a polissonografia do sono, por exemplo - para identificar a causa subjacente do sono excessivo e eventual cansaço ao acordar.
Com base no diagnóstico, poderá ser-te recomendado um tratamento apropriado, que pode incluir mudanças no estilo de vida, terapias específicas ou medicação, dependendo da situação.
Na Colmol, a nossa prioridade é a satisfação dos que procuram melhorar as suas noites de descanso através de produtos eficazes e de qualidade. A nossa equipa de Especialistas do Sono presta diariamente um aconselhamento personalizado e adaptado às necessidades de cada cliente que nos procura.
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